terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Ask the boy. And Listen!




Muito se tem falado do Envolvimento dos Jovens no CNE nos últimos tempos. Muito se tem dito, de facto.
E ainda bem!

Lembro-me da primeira vez que ouvi falar do "mito" que seria ter um Caminheiro num Conselho Nacional. Foi em 2005, eu era Caminheira, e foi no 3º ciclo do Cenáculo Nacional.

Desde o 1º ciclo (2001) que muitos Caminheiros falavam no tema (e já antes disso, claro). Já passaram 16 anos. Ainda não temos Caminheiros com assento no Conselho Nacional. Mas já temos Caminheiros envolvidos em equipas de trabalho nos vários níveis da associação desde, pelo menos, essa data.

No meu último ano de Caminheira fui convidada para fazer parte da Equipa Nacional dos Caminheiros e Companheiros. Com agrado, aceitei. Nessa altura pensava que conseguia mudar o mundo em três tempos. O "mundo dos adultos" foi-me mostrando que não é bem assim.

Fui crescendo com muitos a meu lado. E felizmente consegui ajudar outros a crescer também.

O "mito" e o "bicho papão" de Caminheiros envolvidos no nível nacional começou a desaparecer. E os Caminheiros começaram a poder falar abertamente sobre o tema com outros dirigentes. Curioso... muitos desses dirigentes também tinham sido Caminheiros alguns anos antes. Outros nem por isso.

Foi nos finais do ano 2015/início do ano 2016,  na "sala da IV Secção" do Comité do Programa Educativo (o iPE), que falámos pela primeira vez, abertamente, do papel que os Caminheiros precisam de ter na nossa associação para que estejamos a trabalhar efetivamente na nossa missão. 
O CNE quer Educar Cidadãos para a Vida, sem os envolver na vida da associação não o está a fazer. Os Cidadãos participam na sociedade civil. Votam. Têm uma opinião a dar. Os Jovens do CNE devem poder fazê-lo também, numa associação que é deles. O CNE é dos Jovens. Não é dos adultos. Nem devemos querer que seja.

Desafio todos os dirigentes que estão afastados das bases há algum tempo a investirem algum do seu tempo a falar com os nossos lobitos e escuteiros. A perguntar coisas. A ouvir as respostas. A conversar.
Maravilho-me com este processo cada vez que me predisponho a fazê-lo. E é por isso que não gosto de estar longe das bases. É por isso que gosto de estar com os nossos jovens. Com os "meus miúdos".
Em cada secção podemos aprender coisas fantásticas e maravilharmo-nos com pensamentos diferentes que vêm de onde menos esperamos.

Sou dirigente na IV secção, onde tenho desenvolvido a maior parte do meu trabalho enquanto dirigente do CNE. E adoro! Aprendemos coisas todos os dias, mas conseguimos contribuir também para a "vida real" dos nossos jovens, que é o que importa. Acho piada a esta expressão da "vida real". Um dos meus caminheiros usou essa expressão uma vez e nunca mais me esqueci dela... porque a "vida real" é "lá fora". Cá dentro fazemos “outras coisas”, somos verdadeiramente nós mesmos, e trabalhamos para encontrarmos quem somos, e o que queremos. Fazemos isso porque temos espaço para isso. Para aprender fazendo. E irmos fazendo as nossas opções.

No fim-de-semana estive num supermercado na recolha dos alimentos para o Banco Alimentar. Uma Lobita do agrupamento apareceu no supermercado com a mãe, e quis ficar comigo e com o Ferrão, no nosso turno.
Foi o melhor que aconteceu nesse dia. 
Fiz-lhe perguntas. Ouvi as respostas. Conversei. E o resultado foi brutal! A Inês é brutal! E há tantas "Inês" por esse CNE fora, que têm tanto para dar, ser e crescer. Se somos uma associação que é parte de um movimento diferenciador no mundo, temos que dar espaço às "Inês" do CNE. Não as podemos privar de falar e dar a sua opinião quando realmente contam. Temos que lhes permitir ser parte. Envolver de facto! Não devemos ter o "envolvimento só para a fotografia", isso não faz sentido. Isso não é envolver. Isso é atirar areia para os olhos de quem não quer ver... Se queremos que o CNE cresça e dê mais ainda aos seus jovens, temos que ser verdadeiros neste envolvimento!


Somos um "ambiente seguro para errar", os nossos Jovens "aprendem fazendo".

Por que motivo queremos que eles aprendam com os erros e voltem a fazer em algumas áreas do seu desenvolvimento pessoal, e não havemos de querer que isso aconteça em todas as áreas da sua vida?