Muito se tem falado do Envolvimento dos Jovens no CNE nos últimos
tempos. Muito se tem dito, de facto.
E ainda bem!
Lembro-me da primeira vez que ouvi falar do "mito" que
seria ter um Caminheiro num Conselho Nacional. Foi em 2005, eu era Caminheira, e foi no 3º ciclo do
Cenáculo Nacional.
Desde o 1º ciclo (2001) que
muitos Caminheiros falavam no tema (e já antes disso, claro). Já passaram 16
anos. Ainda não temos Caminheiros com assento no Conselho Nacional. Mas já
temos Caminheiros envolvidos em equipas de trabalho nos vários níveis da
associação desde, pelo menos, essa data.
No meu último ano de Caminheira
fui convidada para fazer parte da Equipa Nacional dos Caminheiros e
Companheiros. Com agrado, aceitei. Nessa
altura pensava que conseguia mudar o mundo em três tempos. O "mundo dos
adultos" foi-me mostrando que não é bem assim.
Fui crescendo com muitos a meu
lado. E felizmente consegui ajudar outros a crescer também.
O "mito" e o
"bicho papão" de Caminheiros envolvidos no nível nacional começou a
desaparecer. E os Caminheiros começaram a poder falar abertamente sobre o tema
com outros dirigentes. Curioso... muitos desses dirigentes também tinham sido
Caminheiros alguns anos antes. Outros nem por isso.
Foi nos finais do ano
2015/início do ano 2016, na "sala da IV Secção" do Comité do
Programa Educativo (o iPE), que falámos pela primeira vez, abertamente, do
papel que os Caminheiros precisam de ter na nossa associação para que estejamos
a trabalhar efetivamente na nossa missão.
O CNE quer Educar Cidadãos para a Vida, sem os envolver na vida da
associação não o está a fazer. Os Cidadãos participam na sociedade civil. Votam. Têm uma
opinião a dar. Os Jovens do CNE devem poder fazê-lo também, numa associação que
é deles. O CNE é dos Jovens. Não é dos
adultos. Nem devemos querer que seja.
Desafio todos os dirigentes que estão afastados das bases há algum tempo a investirem algum
do seu tempo a falar com os nossos lobitos e escuteiros. A perguntar coisas. A ouvir as respostas. A conversar.
Maravilho-me com este processo
cada vez que me predisponho a fazê-lo. E é por isso que não gosto de estar
longe das bases. É por isso que gosto de estar com os nossos jovens. Com os
"meus miúdos".
Em cada secção podemos aprender
coisas fantásticas e maravilharmo-nos com pensamentos diferentes que vêm de
onde menos esperamos.
Sou dirigente na IV secção,
onde tenho desenvolvido a maior parte do meu trabalho enquanto dirigente do
CNE. E adoro! Aprendemos coisas todos os dias, mas conseguimos contribuir
também para a "vida real" dos nossos jovens, que é o que importa.
Acho piada a esta expressão da "vida real". Um dos meus caminheiros
usou essa expressão uma vez e nunca mais me esqueci dela... porque a "vida
real" é "lá fora". Cá dentro fazemos “outras coisas”, somos
verdadeiramente nós mesmos, e trabalhamos para encontrarmos quem somos, e o que
queremos. Fazemos isso porque temos
espaço para isso. Para aprender fazendo. E irmos fazendo as nossas opções.
No fim-de-semana estive num
supermercado na recolha dos alimentos para o Banco Alimentar. Uma Lobita do agrupamento
apareceu no supermercado com a mãe, e quis ficar comigo e com o Ferrão, no
nosso turno.
Foi o melhor que aconteceu nesse dia.
Fiz-lhe perguntas. Ouvi as respostas. Conversei. E
o resultado foi brutal! A Inês é brutal! E há tantas "Inês" por
esse CNE fora, que têm tanto para dar, ser e crescer. Se somos uma associação
que é parte de um movimento diferenciador no mundo, temos que dar espaço às
"Inês" do CNE. Não as podemos privar de falar e dar a sua opinião
quando realmente contam. Temos que lhes
permitir ser parte. Envolver de facto! Não devemos ter o "envolvimento só para a fotografia", isso não faz sentido. Isso não é envolver. Isso é
atirar areia para os olhos de quem não quer ver... Se queremos que o CNE cresça
e dê mais ainda aos seus jovens, temos que ser verdadeiros neste envolvimento!
Somos um "ambiente seguro para errar", os nossos Jovens
"aprendem fazendo".
Por que motivo queremos que eles aprendam com os erros e voltem a
fazer em algumas áreas do seu desenvolvimento pessoal, e não havemos de querer que isso aconteça em todas as áreas da sua
vida?